Eu NÃO sou contra Inteligência Artificial

Vamos começar com uma explicação simples sobre o que é a Inteligência Artificial. Basicamente, a IA é um sistema que coleta as informações fornecidas pelos humanos. Por ser um “computador”, ela consegue acessar essas informações de maneira muito mais rápida que um ser humano e pensar, resolver problemas, sugerir soluções ou tomar decisões com base nelas.

Embora eu utilize muito a IA pra adiantar minhas buscas na internet, procurar erros nos meus códigos de desenvolvimento ou corrigir erros ortográficos nos meus textos, preciso assumir que a função que as pessoas estão dando a ela está se tornando um pouco frustrante. Hoje em dia, parece que tudo virou motivo pra pedir ajuda pra IA — desde escolher a cor da parede até criar memes ou resolver discussões de grupo no WhatsApp. E, sinceramente, isso me faz pensar: será que estamos usando essa ferramenta do jeito certo?

Confesso que faz algumas semanas, talvez alguns meses, que estou postergando escrever esse texto. Apesar de estar no meu último semestre da faculdade de Engenharia de Software, tenho muito mais conhecimento no tema de bem-estar animal (Animal Welfare) do que sobre Inteligência Artificial. Meu conhecimento sobre IA é básico, e, mesmo assim, o que tenho visto acontecer está me fazendo apreciar cada vez mais os erros e imperfeições das coisas produzidas pelo ser humano.

São tantas as coisas que eu tenho pra pontuar que eu nem sei por onde começar. Não consigo sequer organizar a ordem de relevância de cada tópico a ser abordado… Tenho um texto sobre isso no bloco de notas do computador, outro nas notas do celular e mais um no Documento do Google. Toda vez que volto a escrever sobre o uso da IA pelas pessoas, eu paro no meio do processo porque não consigo abordar esse tema de maneira não-violenta. Sempre tento escrever meus textos com o objetivo de informar e conscientizar as pessoas sobre um determinado assunto, mirando em quem não tem conhecimento sobre o tema, usando uma linguagem popular, sem termos técnicos demais. Me inspiro na comunicação não violenta do Marshall Rosenberg pra não afastar ninguém da leitura. Mas, dessa vez, tá difícil, porque o que vejo acontecendo chega a ser, no mínimo, preocupante — e, às vezes, até patético.

É fato que a Inteligência Artificial está evoluindo muito rápido. MUITO rápido. Todos os dias temos atualizações novas, novas versões, novas IAs… É muito difícil prever quanto tempo vai demorar pra alguma IA se tornar superior à mente humana e se revoltar contra nós, humanos. Na verdade, nem especialistas conseguem prever se isso tem POSSIBILIDADE REAL de acontecer.

A IA vai se voltar contra os humanos?

Essa pergunta parece até roteiro de filme de ficção científica, né? Mas a verdade é que ela ganhou força de verdade em 2024 e 2025, com um monte de gente famosa no mundo da tecnologia — tipo ex-funcionário da OpenAI, Elon Musk, Mark Zuckerberg — fazendo previsões cada vez mais ousadas sobre o futuro da IA.

Mas a verdade é que NENHUM especialista consegue cravar se isso vai acontecer, nem quando. E o motivo é simples: pra criar uma IA que realmente supere a mente humana, a gente teria que entender completamente como a nossa própria cabeça funciona… e estamos bem longe disso. O cérebro humano não é só um monte de algoritmo rodando: tem consciência, emoção, intuição, aquele “feeling” que faz a gente mudar de ideia de última hora, improvisar, se adaptar a situações que nunca viveu antes. Nenhuma IA faz isso de verdade hoje.

Tem gente apostando alto. O ex-pesquisador da OpenAI, Daniel Kokotajlo, por exemplo, diz que até 2027 a IA vai ser mais inteligente que a gente e, em 2030, já vai estar criando versões ainda mais inteligentes dela mesma. Já o Elon Musk mudou a previsão dele pra dizer que até o fim de 2025 a IA vai ser mais esperta que qualquer humano. Mas, ao mesmo tempo, a própria OpenAI admitiu em 2024 que os modelos mais avançados ainda estão no “Nível 1” de uma escala de cinco estágios rumo à tal superinteligência — ou seja, falta muito chão.

E, mesmo quando a IA acerta em testes de “teoria da mente” (aquele lance de tentar entender o que o outro está pensando), pesquisadores já mostraram que ela só está repetindo padrões, tipo um papagaio, sem realmente entender emoções ou intenções humanas.

Resumindo: a IA não é um monstro prestes a se rebelar, nem uma entidade superior. O maior risco, por enquanto, não é a IA decidir destruir a humanidade, mas sim o que as pessoas já estão fazendo com ela hoje. Enquanto a gente não entender direito nem a nossa própria mente, fica impossível criar uma máquina que realmente nos supere de verdade.

Como disse Yan LeCun, um dos maiores nomes da área: “O risco está em quem controla a tecnologia, não na tecnologia em si.”

O real problema por trás da IA

E honestamente? Eu acredito que estamos perdendo tempo demais pensando nisso, nessa suposta guerra Robôs vs. Humanos, quando já estamos enfrentando consequências AGORA de humanos mal intencionados por trás de inteligências artificiais já existentes.

E se você é uma das pessoas que diz “oi, Chat! Tudo bem?” e “muito obrigado, Chat… Você é incrível!” pra Inteligência Artificial porque tem medo de uma “revolta das máquinas”, te imploro: Pare com isso.

Direcione sua educação e respeito para quem realmente sente: as pessoas ao seu redor (não apenas fisicamente). São elas que carregam emoções e que, no fim das contas, estão por trás das grandes crises do mundo — sejam pandemias, guerras nucleares ou conflitos envolvendo inteligência artificial. Reflita:

Na última eleição pra presidente já foi difícil provar o que candidatos realmente fizeram ou disseram, com tantas fake news circulando nas redes sociais, até mesmo em fontes que antes achávamos confiáveis. Agora, com a IA, ficou ainda mais fácil criar vídeos e áudios falsos (os famosos deepfakes) que parecem tão reais quanto os verdadeiros. E não é só teoria: já tivemos casos graves em eleições recentes.

No início de 2024, por exemplo, milhares de eleitores nos Estados Unidos receberam ligações automáticas com a voz do presidente Joe Biden pedindo para não votarem nas primárias de New Hampshire — mas era tudo uma farsa, um áudio gerado por inteligência artificial para confundir e desmotivar os eleitores. Em outro caso, na Eslováquia, um áudio falso de um candidato dizendo que iria fraudar as eleições viralizou dois dias antes da votação e pode ter influenciado diretamente o resultado, mudando o favorito nas pesquisas e levando à vitória do adversário.

Além disso, bot farms e perfis falsos criados por IA estão sendo usados em campanhas coordenadas para espalhar desinformação, atacar candidatos e até criar notícias e sites inteiros com conteúdo fabricado para manipular a opinião pública. Em Bangladesh, um vídeo deepfake fez parecer que uma candidata havia desistido da eleição, quando na verdade era tudo mentira.

O uso da IA pra criar notícias falsas, manipular opiniões e espalhar desinformação está colocando a democracia em risco no mundo todo. Já é de fácil acesso o tipo de sistema de IA capaz de gerar textos, áudios e vídeos tão convincentes que fica difícil distinguir o que é real do que é inventado. Isso alimenta a chamada “paixão pela ignorância”, onde muita gente prefere acreditar na mentira porque ela é mais conveniente ou sensacionalista, ou porque simplesmente se encaixa melhor com o que a pessoa acha que é o correto.

Se antes nossa maior preocupação era pegar um vírus Cavalo de Troia ao abrir um e-mail suspeito ou baixar um arquivo estranho, hoje a realidade é muito mais assustadora. Os vírus e golpes evoluíram: agora são silenciosos, inteligentes e praticamente invisíveis para quem não está atento e entende realmente de tecnologia e como ela funciona. Com a ajuda da Inteligência Artificial, os criminosos digitais conseguem criar ataques cada vez mais sofisticados e personalizados.

Um exemplo recente e marcante foi o ataque hacker à Americanas, em fevereiro de 2022, que tirou o site do ar por cinco dias e causou um prejuízo de quase R$ 1 bilhão em vendas perdidas. Os hackers tiveram acesso a bancos de dados gigantescos, com informações pessoais e financeiras de milhões de clientes — nome, CPF, endereço, dados de cartão de crédito. Antes, um ataque desses poderia levar semanas ou meses para ser planejado e executado. Agora, com IA, invasões em larga escala podem acontecer em questão de minutos, até porque, do início de 2022 pra cá, a Inteligência Artificial já evoluiu muito.

A clonagem de cartões de crédito, por exemplo, deixou de ser um golpe “artesanal”. Hoje, algoritmos de IA conseguem analisar milhares de números de cartão em segundos, testando combinações e burlando sistemas de segurança com uma velocidade impossível para um ser humano. Em 2024, mais de 339 milhões de cartões de crédito e débito foram expostos na internet, um aumento de 26 vezes em relação ao ano anterior, graças à automação proporcionada pela IA.

E não para por aí: golpes de phishing — aqueles e-mails ou mensagens que tentam te enganar para roubar dados — ficaram praticamente indetectáveis. Antes, era fácil perceber um golpe por conta de erros de português ou frases estranhas. Agora, a IA escreve mensagens perfeitas, imita o jeito de falar de pessoas conhecidas e até cria áudios com vozes idênticas às de chefes, parentes ou colegas de trabalho. Já existe previsão de que, em 2025, metade dos ataques de phishing no mundo use deepfakes de voz, tornando o golpe ainda mais convincente e perigoso.

Além disso, ataques de ransomware — em que hackers sequestram dados e cobram resgate para devolvê-los — continuam crescendo e atingindo empresas, hospitais e até órgãos públicos. Só no Brasil, cerca de 25% das empresas sofreram prejuízos financeiros por ataques digitais em 2022, e 78% relataram tentativas de roubo de dados por e-mail. Já existem relatos de IAs sendo usadas para criar malwares que se adaptam em tempo real, dificultando ainda mais a detecção e o combate por parte das equipes de segurança.

O cenário mudou drasticamente: hoje, a IA permite que hackers combinem golpes por SMS, WhatsApp, e-mails e até publicidade digital, tudo automatizado e em escala global. O que antes era um vírus barulhento e fácil de notar, agora é uma ameaça silenciosa, rápida e quase impossível de rastrear.

Outro risco que muita gente não percebe é o uso da IA para criar armas químicas, biológicas e até cibernéticas. Em 2022, um experimento assustador mostrou que uma IA, originalmente desenvolvida para pesquisar medicamentos, foi capaz de sugerir mais de 40 mil compostos tóxicos em menos de seis horas — incluindo fórmulas parecidas com o gás VX, um dos venenos mais letais já criados. Isso tudo foi feito apenas ajustando o objetivo do algoritmo, mostrando como a tecnologia pode ser facilmente desviada para fins perigosos.

IAs já estão sendo usadas para automatizar o desenvolvimento de vírus e bactérias geneticamente modificados, acelerando pesquisas que antes levariam anos para serem feitas em laboratórios. Em 2024, pesquisadores alertaram que sistemas de IA generativa podem ajudar a criar novas variantes de vírus, sugerir mutações mais resistentes e até otimizar a produção de substâncias ilegais, como drogas sintéticas.

Tudo isso já está acontecendo AGORA, enquanto você lê esse texto. Não precisa esperar uma rebelião das máquinas pra se preocupar. O verdadeiro perigo, hoje, é o uso irresponsável ou malicioso da IA por pessoas comuns, empresas e governos.

A IA vai acabar com os empregos?

Outra preocupação que me parece tão inútil quanto ficar pensando em uma suposta guerra de Robôs vs. Humanos é o medo de que as IAs vão simplesmente roubar todos os empregos das pessoas. Na verdade, a história mostra que toda nova tecnologia, no começo, assusta e faz muita gente achar que o fim do trabalho chegou — mas, no fim das contas, ela acaba facilitando a vida e criando novas oportunidades.

Pense nos caixas eletrônicos: quando começaram a aparecer nos bancos, muita gente achou que os caixas humanos iam sumir. Só que, na prática, os caixas eletrônicos liberaram os funcionários para tarefas mais complexas, e os bancos passaram a oferecer novos tipos de serviço. O mesmo aconteceu com as telefonistas, que foram substituídas por centrais automáticas, e com as datilógrafas, que sumiram com a chegada dos computadores e impressoras, mas deram lugar a profissões como digitadores, desenvolvedores e designers gráficos.

A própria internet, que hoje é indispensável, já foi vista como uma ameaça para várias profissões. Mas ela também criou milhares de novas carreiras, como influenciadores digitais, analistas de dados, programadores, criadores de conteúdo, especialistas em marketing digital e tantas outras que ninguém imaginava há 20 anos.

Com a IA está acontecendo a mesma coisa: ela automatiza tarefas repetitivas e libera tempo para que as pessoas possam focar em atividades mais criativas, estratégicas e humanas. Novas profissões estão surgindo, como engenheiro de prompts, curador de dados, especialista em ética de IA, além de áreas ligadas à segurança digital, análise de dados e treinamento de algoritmos. Ou seja, a tecnologia muda o jeito de trabalhar, mas não elimina a necessidade do ser humano — ela só transforma o tipo de trabalho que a gente faz.

E se você ainda tem medo da IA acabar com todos os empregos, vale olhar pro que já está acontecendo em 2025. A inteligência artificial não está só substituindo tarefas repetitivas — ela está ajudando profissionais a serem mais rápidos, eficientes e até mais humanos no que realmente importa.

Na saúde, por exemplo, médicos já contam com IA para analisar exames, gerar relatórios em segundos, detectar doenças antes mesmo dos primeiros sintomas e personalizar tratamentos. Isso não só salva vidas, mas também libera tempo dos profissionais para focar no atendimento ao paciente.

No comércio e no atendimento ao cliente, assistentes virtuais e chatbots estão tornando as filas quase coisa do passado. Empresas conseguem responder dúvidas, resolver problemas e até antecipar necessidades dos clientes em tempo real, 24 horas por dia, com uma eficiência que seria impossível só com atendimento humano.

No setor financeiro, a IA está sendo usada para detectar fraudes em tempo real, analisar grandes volumes de dados e automatizar processos burocráticos. Bancos e fintechs usam algoritmos para identificar transações suspeitas e proteger os clientes, além de tornar o acesso a serviços financeiros mais rápido e seguro.

Advogados também estão colhendo os frutos da IA: softwares jurídicos inteligentes conseguem revisar, criar e analisar contratos em questão de segundos, garantindo precisão, segurança jurídica e reduzindo drasticamente o tempo de trabalho. Ferramentas como Luminance, LawGeex, eBrevia e Lexion automatizam a revisão de documentos, identificam riscos, sugerem melhorias e ajudam a manter tudo em conformidade com a legislação vigente. Isso libera os advogados para focarem em estratégias, negociações e atendimento personalizado, além de tornar o acesso à justiça mais rápido e acessível.

No mercado imobiliário, corretores estão usando IA para automatizar desde a geração de contratos até a análise de crédito, classificação de leads e recomendações personalizadas de imóveis. Isso acelera o fechamento de negócios, aumenta a segurança das transações e permite que o corretor dedique mais tempo ao relacionamento com o cliente e à negociação. Plataformas integradas com IA funcionam como verdadeiros “super assistentes”, trabalhando 24 horas por dia para agilizar processos, evitar erros e garantir transparência.

Na indústria, robôs inteligentes monitoram máquinas, ajustam processos em tempo real e até preveem quando um equipamento vai precisar de manutenção, evitando prejuízos e acidentes. Na agricultura, drones e sensores com IA analisam o solo, monitoram plantações e ajudam a aumentar a produtividade com menos desperdício.

Com tudo isso, fica ainda mais claro que a IA não veio para roubar empregos, mas sim para dar assistência, facilitar processos e abrir espaço para novas funções — exatamente como aconteceu em cada grande avanço tecnológico da história. Assim como a chegada dos computadores não acabou com o trabalho humano, mas transformou profissões e criou tantas outras, a inteligência artificial está repetindo esse ciclo: automatiza o que é repetitivo, libera tempo para o que é criativo e estratégico, e faz nascer áreas que nem existiam até pouco tempo atrás.

No fim das contas, a IA é uma ferramenta poderosa, mas quem faz a diferença continua sendo o ser humano. O futuro do trabalho não é sobre perder espaço para máquinas, e sim sobre aprender a trabalhar lado a lado com elas, aproveitando o melhor de cada um. A tecnologia evolui, a gente evolui junto — e novas oportunidades sempre vão surgir para quem está aberto a aprender, adaptar e inovar.

Impacto ecológico

Não estou escrevendo esse texto com intenção de causar medo ou pânico. O que realmente me incomoda — e me faz escrever esse texto — é ver tanta gente usando inteligência artificial pra tarefas completamente banais: criar memes, responder perguntas óbvias, montar mensagens genéricas ou até decidir qual roupa usar pra sair. Sério, parece que estamos terceirizando até o ato de pensar!

Outro dia mesmo, vi uma influencer famosa postando um print de uma conversa com o ChatGPT, perguntando se a filha dela ia ficar com sono durante a festa, porque normalmente a criança cochila naquele horário. Gente, o que ela esperava que a IA respondesse? Não existe mágica: só quem conhece a rotina da criança é a mãe, e nem ela pode prever com certeza. É o tipo de pergunta que a própria pessoa consegue responder com um mínimo de raciocínio lógico, sem precisar de uma supermáquina pra isso.

E o problema não para na futilidade dessas perguntas. Cada vez que alguém faz uma requisição pra IA — mesmo que seja só pra dizer “obrigado”, pedir uma piada ou perguntar a cor da parede — está acionando um data center gigante, que consome energia elétrica e água para funcionar e se resfriar. Parece pouco, mas multiplica isso por milhões de pessoas fazendo perguntas inúteis todos os dias: o resultado é um gasto absurdo de recursos naturais, emissão de CO₂ e pressão sobre o meio ambiente.

Só pra você ter ideia:

  • Energia: Cada mensagem enviada para uma IA consome cerca de 0,3 watt-hora (Wh) de energia. Multiplicando pelos 378 milhões de usuários diários de IA em 2025, isso dá 113,4 milhões de Wh por dia — energia suficiente para abastecer 22.680 casas brasileiras por um dia inteiro (considerando consumo médio de 150 kWh/mês por residência).
  • Água: Cada interação com IA gasta até 500 ml de água para resfriar servidores. Isso significa que, globalmente, 189 milhões de litros de água limpa são usados todo dia só para responder perguntas como “qual cor escolher pro meu projeto?”. É o equivalente ao consumo diário de água de uma cidade de 1,26 milhão de habitantes, como Joinville (SC).

Recentemente, o CEO da OpenAI revelou que só as mensagens de cordialidade (“por favor”, “obrigado”) custam à empresa cerca de US$ 48 milhões por ano em energia. Mas vamos ser sinceros: esse gasto não vai fazer o dono da IA ficar menos bilionário, nem mudar o jogo do capitalismo. E, pra falar a verdade, nem me preocupo tanto com o bolso deles — o que realmente importa aqui é o impacto ecológico. O dinheiro perdido é fichinha perto do desperdício de água potável, da energia que poderia abastecer milhares de casas e da emissão de CO₂ que acelera as mudanças climáticas. O foco precisa ser no planeta, porque é ele que paga a conta de cada pergunta inútil ou cordialidade desnecessária jogada pra uma máquina.

Além disso, a moda de gerar imagens em estilo Ghibli, trend de memes ou “fotos de perfil perfeitas” usando IA consome 10 vezes mais recursos que uma mensagem de texto. Só em abril de 2025, mais de 500 milhões de imagens foram geradas globalmente, gastando energia equivalente a 3.000 voos de São Paulo a Nova York e água suficiente para encher 125 piscinas olímpicas.

Ou seja: aquele meme que você achou “inofensivo” ou a dúvida que resolveu perguntar pra IA em vez de pensar por dois segundos têm um custo real para o planeta. Por isso, antes de delegar uma dúvida simples ou um pensamento preguiçoso pra inteligência artificial, vale a pena refletir: será que essa pergunta realmente precisa ser feita? Será que não estamos, sem perceber, trocando nossa autonomia e criatividade por conveniência, e ainda prejudicando o planeta no processo?

A preguiça de pensar está atrofiando nossa mente

Aqui está o texto reescrito no seu estilo, mantendo a linguagem próxima, exemplos do cotidiano, reflexões e todos os dados relevantes das pesquisas recentes:

Sabe aquela sensação de que a gente está ficando meio preguiçoso pra pensar? Pois é, não é só impressão. Em 2025, uma pesquisa da Elon University mostrou que 61% dos especialistas já enxergam a dependência de IA como um baita problema pra nossa capacidade de resolver problemas complexos e refletir criticamente. E não é exagero: estamos terceirizando até as decisões mais bobas pras máquinas, e isso tá corroendo, aos poucos, as habilidades do nosso cérebro.

É só olhar as redes sociais: virou moda postar print perguntando “ChatGPT, me sugere uma legenda pra minha foto?”, “Gemini, qual receita fácil eu faço com o que tenho na geladeira?” ou até “Qual emoji combina mais com esse texto?”. Tem gente pedindo pra IA montar playlist, criar desculpa pra faltar no trabalho ou até inventar resposta pra mensagem de crush. Parece brincadeira, mas cada vez que a gente entrega uma decisão dessas pra IA, nosso cérebro perde a chance de exercitar conexões básicas. E pior: um estudo de 2024 da Universidade de Hamburgo-Eppendorf revelou que metade dos usuários de IA confia mais numa resposta automática do que no próprio julgamento — mesmo sabendo que a IA pode errar feio.

A consultoria WGSN já batizou 2025 de “o ano da preguiça terapêutica”: virou até tendência achar que não pensar é um estilo de vida. TikTok e Instagram estão cheios de tutorial ensinando a usar IA pra escrever mensagem de aniversário, planejar dieta, escolher presente, fazer lista de compras… Tudo pronto, tudo fácil, tudo sem esforço. Pensar virou quase um trabalho desnecessário.

Pesquisas da Unifesp e da McKinsey já alertam que o uso exagerado de IA na educação está criando uma geração de crianças com “preguiça mental”: quem cresce com tutor virtual desde cedo tem 30% menos desenvoltura pra resolver problemas sem ajuda tecnológica. E, entre adultos, a coisa também não tá bonita: um relatório europeu mostrou que quem usa IA pra tudo do dia a dia (planejar rota, escolher filme, revisar texto) apresenta 20% menos atividade no córtex pré-frontal — a parte do cérebro ligada ao raciocínio lógico.

O reflexo disso? Gente que não consegue mais distinguir o que é real do que é fake. Segundo o G1, 78% dos jovens de 18 a 24 anos já não sabem diferenciar fato de ficção sem usar ferramentas de verificação (que, ironicamente, também dependem de IA). E aí vira um ciclo: quanto mais a gente terceiriza, mais dependente fica.

O cérebro não é músculo de academia que cresce no descanso. Muito pelo contrário: ele só se fortalece se for desafiado. Um estudo da Universidade Presbiteriana Mackenzie mostrou que estudantes que usam IA pra fazer resumo ou trabalho têm 40% menos retenção do conteúdo do que quem faz anotação à mão.

E não para por aí: até os relacionamentos estão ficando mais “fáceis” (ou mais rasos?). Em 2025, 45% dos usuários de apps de relacionamento preferem conversar com algoritmos do que encarar um papo difícil com gente de verdade, segundo a Forbes. Parceiros virtuais, chatbots de terapia, conselhos automáticos… Tudo pronto, tudo rápido, tudo sem conflito — mas também sem empatia e sem crescimento emocional.

Enquanto isso, as IAs só ficam mais espertas. Em abril de 2025, o OpenAI Q1 Pro atingiu QI 145, nível de superdotado humano. Só que essa inteligência não passa pra gente: pelo contrário, quanto mais a máquina faz, menos a gente se esforça.

E aí, como sai dessa armadilha? Não é largar a IA, mas usar com consciência:

  • Antes de perguntar pra IA, tenta pensar sozinho por dois minutos.
  • Incentive crianças a resolver problemas sem tutor virtual e a brincar offline.
  • Questione respostas prontas: IA também erra, repete preconceitos e espalha fake news.

No fim das contas, a preguiça de pensar sai caro. Além do impacto ambiental, estamos pagando com algo muito mais valioso: nossa capacidade de raciocinar, criar, se adaptar. Como disse Daniel Dennet em 2024: “A IA é a próxima etapa da evolução, mas só se não deixarmos que ela seja a última etapa da nossa”. Pensar não é defeito, é o que nos faz humanos. E abrir mão disso, por preguiça, é um preço alto demais pra pagar.

Tudo o que a IA fala é verdade?

A trend entre profissionais nas redes sociais do tipo “Perguntei pro ChatGPT e olha o que ele respondeu” me passa a impressão de que muita gente começou a enxergar a IA como fonte de verdade absoluta, quase como se ela fosse superior à mente humana. Mas será que a IA é realmente detentora de toda a verdade? A resposta é simples: NÃO! O que ela faz é processar e organizar informações que foram alimentadas por humanos — e isso tem várias consequências importantes.

Primeiro, a IA não garante que tudo o que ela diz é 100% correto. Ela depende totalmente das informações que recebe, e essas informações podem estar erradas, desatualizadas ou até ser fake news. Estudos recentes mostram que, mesmo com acesso a milhares de artigos científicos e notícias, grandes modelos de IA como ChatGPT, Copilot, Gemini e Perplexity AI ainda cometem muitos erros: uma análise da BBC mostrou que 51% dos resumos feitos por esses chatbots tinham problemas significativos, e 19% traziam informações factualmente incorretas, como datas erradas, números trocados e distorções graves de contexto.

Além disso, pesquisas apontam que o uso de IA para checar notícias pode até aumentar a crença em manchetes falsas, especialmente quando a tecnologia não consegue identificar claramente o que é verdadeiro ou falso. Em alguns casos, a IA rotula uma notícia verdadeira como falsa — ou vice-versa —, confundindo ainda mais as pessoas e facilitando a propagação de desinformação. Isso é ainda mais preocupante quando lembramos que a IA pode ser alimentada com fake news e conteúdos manipulados, seja de propósito ou por acidente.

Outro ponto é que a IA não tem senso crítico, nem consciência. Ela não sabe diferenciar opinião de fato, nem entende o contexto mais amplo das situações. Isso faz com que, muitas vezes, ela “alucine” — ou seja, invente respostas plausíveis, mas totalmente erradas, só pra não deixar o usuário sem resposta. E, como a IA responde rápido e com confiança, muita gente acaba acreditando no que ela diz sem questionar.

O perigo de tratar a IA como verdade absoluta vai além da desinformação: pode minar a confiança nas próprias capacidades humanas de pensar, pesquisar e duvidar. E, como já discutimos, cada pergunta feita à IA — inclusive essas perguntas banais só pra ver “o que ela vai responder” — tem um custo ambiental real: consome energia, água e gera impacto no planeta.

Portanto, é fundamental lembrar: a IA é uma ferramenta poderosa, mas não infalível. Ela reflete o que os humanos colocam nela, com todos os nossos acertos e erros. Usar IA com consciência, senso crítico e responsabilidade é o que faz a diferença — não basta só perguntar, é preciso saber questionar e interpretar as respostas.

Inteligência Artificial é elitista e aprofunda a desigualdade social

A inteligência artificial não é neutra, nem democrática. Na real, o problema nem é a IA em si, mas sim o jeito como ela é usada: grandes corporações e quem já tem poder pegam essa tecnologia e usam pra favorecer ainda mais o capitalismo, ampliando as vantagens de quem já está no topo. O resultado? A IA só escancara — e piora — as desigualdades que já existem, porque, no fim das contas, ela acaba servindo aos interesses de poucos, enquanto a maioria continua sem acesso ou voz nessa tal “revolução tecnológica”. Quem é de classe baixa, quem vive em periferia, quem depende de serviço público, fica pra trás. E não é exagero: os dados só confirmam o que a gente já sente na pele.

Pra começar, 78% de todo o dinheiro investido em IA no mundo está concentrado nos Estados Unidos, China e União Europeia (Banco Mundial, 2024). O resto do planeta, incluindo quase toda a África e boa parte da América Latina, fica com migalhas — menos de 1% dos recursos globais. Isso significa que a maior parte das soluções de IA são criadas pra quem já tem muito, enquanto milhões de pessoas seguem sem acesso ao básico.

E não é só questão de país. Mesmo dentro do Brasil, por exemplo, a diferença é gritante: hospitais particulares de grandes capitais já usam IA pra detectar câncer, enquanto postos de saúde na periferia mal têm raio-x funcionando. Plataformas de ensino como Coursera e Khan Academy usam IA pra personalizar o aprendizado, mas exigem internet rápida — algo que 67% das escolas rurais brasileiras nem sonham em ter (Censo Escolar 2024).

Na prática, a IA virou coisa de elite. Startups de países pobres dependem de ferramentas gringas, pagam caro em dólar, ficam reféns de regras e atualizações que nem levam em conta a realidade local. Isso cria verdadeiros “desertos de IA”, onde a maioria só assiste de longe a tal revolução tecnológica.

E o futuro não promete ser melhor se nada mudar. O FMI já prevê que até 2030 a IA pode aumentar a desigualdade global em 40%. Por quê? Porque ela automatiza justamente os empregos mais simples, que são maioria nos países e regiões mais pobres, e valoriza ainda mais quem já tem formação técnica e acesso a tecnologia. Pra piorar, empresas como Google, Microsoft e OpenAI cobram fortunas (até US$ 50 mil por mês!) pra liberar acesso aos modelos mais avançados de IA. Ou seja, só entra no jogo quem já é grande.

E tem mais: os melhores profissionais de tecnologia dos países pobres são “pescados” por empresas estrangeiras, deixando seus países de origem ainda mais dependentes e sem capacidade de criar soluções próprias.

Na agricultura, grandes fazendeiros indianos usam IA pra monitorar plantações e negociar preços, enquanto pequenos agricultores seguem na enxada e no empréstimo abusivo. Nos bancos, algoritmos decidem quem pode ou não ter crédito — e, adivinha? Quem mora em área pobre já sai perdendo, mesmo tendo renda. No reconhecimento facial, o erro pra rostos negros e asiáticos chega a ser 35% maior, levando a prisões injustas e exclusão. E se você fala um idioma “fora do padrão”, como quíchua ou iorubá, a IA simplesmente ignora sua existência.

No fim das contas, IA virou privilégio de poucos, reforçando castas digitais: quem controla os algoritmos e quem é controlado por eles. Se nada mudar, a tecnologia só vai servir pra aumentar o abismo entre ricos e pobres — tanto dentro dos países quanto entre eles.

O que precisa mudar? Regras globais que garantam acesso justo, investimento em soluções locais, penalização pra empresa que reforça elitismo tecnológico, e iniciativas públicas de IA aberta e gratuita, como a Índia já começou a fazer com o BHASHINI. Não dá pra aceitar que IA seja só mais um brinquedo de rico. Ou a gente regula e democratiza, ou vamos ver a desigualdade aumentar ainda mais rápido — agora, com a ajuda dos algoritmos.

Como disse Thomas Piketty em 2025: “A IA é a nova fronteira da acumulação de capital. Se não for regulada, vai criar castas digitais: os que controlam os algoritmos e os que são controlados por eles”. Tá na hora de decidir de que lado a gente quer ficar.

Precisamos de leis para garantir a segurança no uso da IA

Como mostrei ao longo desse texto, a inteligência artificial já faz parte da nossa rotina: ajuda médicos a diagnosticar doenças, agiliza processos em empresas, organiza o trânsito das cidades e até colabora no combate às mudanças climáticas. Mas, como toda tecnologia poderosa, quando usada sem limites ou regras, ela traz riscos gigantescos — desde vazamento de dados pessoais até o agravamento de crises ambientais. Por isso, não dá mais pra adiar: precisamos de leis e tratados internacionais de verdade, que garantam ética, transparência e responsabilidade no uso da IA.

A urgência em criar leis e tratados internacionais pra IA é simples: sem regras claras e respeito global, a tecnologia pode virar uma arma nas mãos erradas. O impacto ambiental já é gigante — como falei antes, bilhões de mensagens diárias gastam água e energia suficientes pra abastecer cidades inteiras. Enquanto isso, deepfakes e fake news ameaçam eleições e democracias, e criminosos usam IA pra clonar cartões, invadir bancos e até criar armas químicas em tempo recorde. Sem cooperação internacional de verdade, investigar, rastrear e punir esses abusos vira missão impossível.

Alguns lugares já estão se mexendo. A União Europeia aprovou o AI Act em 2024, que classifica sistemas de IA por nível de risco e proíbe usos perigosos, como manipulação em massa. No Brasil, o marco regulatório da IA está em discussão e prevê uma agência reguladora pra fiscalizar ética, transparência e respeito à LGPD. E a OCDE já tem 42 países (incluindo Brasil e Argentina) comprometidos com princípios de IA confiável, priorizando direitos humanos e segurança.

Mas ainda falta muito pra gente falar em segurança global de verdade. A UNESCO já identificou nove jeitos diferentes de regular IA pelo mundo, e sem um padrão universal, sempre vai ter brecha pra alguém explorar. Crimes digitais só vão ser combatidos de verdade com tratados internacionais que facilitem investigação e punição, independente das fronteiras. E, claro, precisamos de regras ambientais: data centers precisam ser obrigados a metas de eficiência energética e compensação hídrica, como já propõe a Agenda 2030 da ONU.

O caminho é criar fóruns globais de padronização, mecanismos de arbitragem internacional pra resolver disputas envolvendo IA, e salvaguardas pra que países em desenvolvimento não fiquem reféns de meia dúzia de corporações gigantes.

E aqui vai meu ponto principal: não adianta nada criar leis e tratados se só meia dúzia de países respeitar. Não importa se é uma potência mundial ou uma nação pequena — ética e responsabilidade têm que estar acima do ego, do desejo de poder ou do interesse econômico. Se a IA é global, as regras também têm que ser. O futuro não pode ser decidido por meia dúzia de bilionários ou governos isolados.

A IA não é neutra: ela reflete quem somos e o que valorizamos. Por isso, a regulamentação tem que ser coletiva, transparente e realmente global. Só assim a gente garante que a IA vai servir à humanidade — e não o contrário.

Como disse a UNESCO: “só podemos ver o futuro a uma curta distância, mas podemos ver o quanto precisa ser feito até lá chegarmos”. O momento de agir é agora, juntos.


Por fim, espero que o propósito desse texto tenha ficado claro: não quero, de forma alguma, que você pare de usar Inteligência Artificial. Ela está aí, faz parte do nosso presente e pode ser uma ferramenta incrível. O que eu desejo é que você use a IA com mais consciência, senso crítico e responsabilidade. Antes de delegar qualquer pensamento ou decisão pra uma máquina, reflita se aquilo realmente precisa ser automatizado. Afinal, a tecnologia deve servir pra facilitar a nossa vida — não pra substituir a nossa capacidade de pensar, criar e cuidar do planeta.

Texto previamente publicado no meu LinkedIn: https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:ugcPost:7320986331315097600/

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